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Empresas da Ibovespa estão ignorando proteção ambiental! Entenda

Cristina Costa Publicado em 10/10/2024, às 02h00

Empresas da Ibovespa estão ignorando proteção ambiental! Entenda - Reprodução

A "Agenda ASG" (Ambiental, Social e Governança) está em alta nas discussões sobre sustentabilidade e responsabilidade corporativa.

Contudo, um dado preocupante emerge: muitas empresas listadas no Ibovespa, especialmente aquelas consideradas sustentáveis, estão deixando de lado um elemento crucial para sua proteção: o seguro ambiental.

O cenário atual das empresas no Ibovespa

Atualmente, o Índice de Sustentabilidade Empresarial (ISE) do Ibovespa reúne 79 companhias, mas apenas 12% delas, ou seja, apenas 10 empresas, possuem uma apólice de seguro ambiental.

Isso significa que, das empresas que se destacam em práticas sustentáveis, a maioria ainda não reconhece a importância desse tipo de proteção.

Esse dado, coletado pela Federação Nacional de Seguros Gerais (FenSeg), mostra um descompasso entre a conscientização ambiental e a prática efetiva de proteção contra riscos ambientais.

A Confederação Nacional das Seguradoras (CNseg) revela que o setor de seguros ambientais cresceu 15,8% no primeiro semestre deste ano, com arrecadação de R$ 87,2 milhões.

As indenizações pagas também aumentaram, alcançando R$ 64,8 milhões, um crescimento de 122,8% em relação ao ano anterior.

No entanto, apesar desses números expressivos, o uso efetivo desse seguro ainda é baixo, refletindo a falta de percepção do seu valor por parte da indústria.

O papel do seguro ambiental

“A falta dessa proteção expõe companhias a riscos financeiros e reputacionais e compromete os avanços da agenda ASG no país”, afirma Fábio Barreto, presidente da comissão de Responsabilidade Civil da FenSeg. O seguro ambiental é fundamental para cobrir custos de remediação em casos de acidentes e indenizar terceiros afetados. Portanto, sua ausência pode resultar em consequências financeiras graves e danos à reputação da empresa.

Apesar da crescente oferta — atualmente 29 seguradoras oferecem esse tipo de produto — a adesão continua a ser um desafio.

Barreto destaca que “mudar este cenário passa pelo amadurecimento das grandes corporações”, enfatizando que o seguro deve ser visto como uma ferramenta de proteção, e não como um custo adicional.

A importância da Agenda ASG

O Índice de Sustentabilidade Empresarial, que busca incentivar práticas sustentáveis, também serve como um guia para os investidores.

As empresas que adotam práticas mais rigorosas em termos de sustentabilidade e responsabilidade social tendem a ter uma avaliação de mercado mais alta.

No entanto, a falta de seguro ambiental impede que muitas empresas melhorem sua classificação dentro desse índice, já que a contratação desse seguro é um dos critérios para a inclusão no ISE.

Conforme os dados coletados, 88% das empresas listadas no ISE ainda não incluíram a contratação do seguro ambiental em suas práticas.

Isso não apenas limita sua pontuação no índice, mas também suas perspectivas de investimento, uma vez que os investidores estão cada vez mais atentos à responsabilidade ambiental das empresas.

A conscientização é a chave

Barreto acredita que a conscientização em torno da importância do seguro ambiental está aumentando.

A expectativa é de que, em breve, as empresas reconheçam que a proteção ambiental não é apenas uma obrigação legal, mas uma oportunidade de fortalecer sua imagem e sua posição no mercado.

“Minha expectativa é que isso mude já a curto prazo”, afirma.

Nos últimos anos, a busca por certificações sustentáveis aumentou significativamente. Entre 2021 e 2022, o número de empresas buscando participar do ISE cresceu 70%, subindo de 46 para quase 80 empresas certificadas.

Essa mudança, por sua vez, indica um reconhecimento crescente da importância de práticas sustentáveis.

A dinâmica do mercado

No Brasil, as questões relacionadas à Agenda ASG estão ganhando força. A integração do seguro ambiental ao ISE, desde sua criação, é uma iniciativa inovadora.

O desafio, agora, é fazer com que mais empresas entendam o valor dessa proteção. Barreto ressalta que os executivos de alto escalão estão cada vez mais pressionados a cumprir metas de sustentabilidade, o que pode impulsionar a adoção do seguro ambiental.

Imagine uma empresa que, mesmo estando no ISE, decide não contratar o seguro ambiental. Se essa empresa não se posicionar corretamente em relação às práticas ambientais, pode acabar perdendo sua certificação e, consequentemente, seu valor de mercado.

Caminhos para o futuro

O futuro do seguro ambiental no Brasil dependerá do reconhecimento de sua importância como parte integrante da estratégia de negócios das empresas.

À medida que mais companhias se conscientizam sobre os riscos ambientais e a necessidade de proteção, a adesão ao seguro deve crescer.

Além disso, as seguradoras têm um papel crucial nesse processo. Ao oferecer produtos que atendam às necessidades específicas das empresas, podem facilitar a adoção de práticas sustentáveis.

A comunicação clara sobre os benefícios do seguro ambiental será fundamental para conquistar a confiança das empresas e estimular sua adesão.

Por fim, a relação entre a "Agenda ASG" e o seguro ambiental é clara: as empresas que se preocupam com a sustentabilidade devem também se proteger contra os riscos ambientais.

Com a crescente conscientização e a pressão por práticas sustentáveis, é provável que, em um futuro próximo, mais empresas reconheçam o valor do seguro ambiental e sua importância para a proteção financeira e reputacional.

Investir em práticas sustentáveis e em proteção ambiental não é apenas uma responsabilidade corporativa, mas uma estratégia inteligente para garantir a continuidade e o sucesso a longo prazo das empresas.

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