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Ameaça aos Dividendos da Petrobras (PETR4) em Meio à Queda do Petróleo e à Guerra Comercial Global

Saiba como a queda do preço do petróleo e a guerra comercial entre os EUA e China podem afetar os dividendos da Petrobras (PETR4).

Ameaça aos Dividendos da Petrobras (PETR4) em Meio à Queda do Petróleo e à Guerra Comercial Global - Imagem: Reprodução - Edição: Tribuna Financeira
Ameaça aos Dividendos da Petrobras (PETR4) em Meio à Queda do Petróleo e à Guerra Comercial Global - Imagem: Reprodução - Edição: Tribuna Financeira

O cenário global de incertezas, marcado pela queda acentuada nos preços do petróleo e pelo agravamento da guerra comercial entre os Estados Unidos e a China, tem gerado preocupações entre investidores. Um dos maiores pontos de interrogação se refere aos dividendos pagos pela Petrobras (PETR4), que estão intimamente ligados ao preço do barril de petróleo. 

Petróleo em queda: Consequências para os Dividendos da Petrobras

A queda nos preços do petróleo no mercado internacional tem sido uma preocupação crescente para os investidores da Petrobras. Em um contexto de preços do petróleo abaixo de US$ 60 o barril, a estatal brasileira de petróleo começa a enfrentar dificuldades para manter o nível de lucratividade que possibilita os altos dividendos que atraem investidores.

Com efeito, essa oscilação no preço da commodity pode comprometer a distribuição de proventos, o que impacta diretamente os resultados de quem investe na empresa.

Dessa forma, é possível observar que a rentabilidade da Petrobras depende diretamente do preço do petróleo.

Quando o valor do barril sobe, a empresa tende a registrar maiores lucros, o que reflete em dividendos mais elevados. Por outro lado, quando o preço da commodity despenca, como está ocorrendo atualmente, o fluxo de caixa da Petrobras pode ser pressionado, colocando em risco a sustentabilidade dessa política de pagamentos generosos.

A Guerra Comercial e o Impacto no Mercado Global de Petróleo

Em meio à queda do preço do petróleo, um dos principais fatores externos que afetam a Petrobras é a guerra comercial entre os Estados Unidos e a China.

A recente decisão da China de aplicar tarifas de até 84% sobre produtos importados dos Estados Unidos, como resposta ao aumento de tarifas imposto pelo governo de Donald Trump, tem gerado incertezas econômicas globais.

Como resultado, o cenário de desaceleração econômica, especialmente nas duas maiores economias do mundo, pode levar a uma diminuição da demanda por petróleo, o que consequentemente afeta os preços da commodity. Essa pressão externa é sentida diretamente pela Petrobras, que depende de um mercado global saudável para garantir suas margens de lucro e, assim, seguir com a política de distribuição de dividendos.

Análise de Especialistas: O Futuro dos Dividendos da Petrobras

Dentre os analistas financeiros, o cenário para os dividendos da Petrobras é incerto. João Abdouni, analista da Levante Inside Corp, acredita que a situação pode melhorar com um possível acordo entre os Estados Unidos e a China.

"Se o petróleo se mantiver a US$ 60 por barril e o dólar a R$ 6, a Petrobras deve pagar cerca de R$ 4 por ação em dividendos", afirma Abdouni.

Por outro lado, se os preços do petróleo subirem para US$ 65, os proventos poderiam chegar a R$ 5 por ação. Esses valores representam uma expectativa do analista, mas, com efeito, as flutuações de mercado podem alterar essas projeções.

O analista ressalta, ainda, que a Petrobras tem um histórico de manutenção de uma política de dividendos robusta, mas que isso depende da estabilidade dos preços do petróleo e da sua capacidade de ajustar custos e investimentos conforme o mercado global. Em 2023, por exemplo, a queda no preço do petróleo teve um impacto direto na rentabilidade da empresa, já que a desaceleração da economia global e o aumento das taxas de juros em diversas economias pesaram sobre o desempenho da commodity.

Leia mais: Tarifas de Trump: China Responde com Aumento de Impostos para 84% Sobre Produtos dos EUA

A Produção de Petróleo e a Sustentabilidade dos Dividendos

Além do impacto da guerra comercial, outro fator importante a ser considerado são os custos operacionais da Petrobras, que são influenciados pela produção de petróleo. Bruno Benassi, analista de ativos da Monte Bravo, destaca que a relação entre o preço do barril e as despesas de capital da empresa deve ser observada de perto.

"Com um barril de petróleo a US$ 60 e despesas de 18 bilhões de dólares, o dividendo estimado seria de cerca de 55 a 60 bilhões de reais", explica Benassi.

Contudo, ele ressalta que, se o preço do petróleo subir para US$ 70, o valor dos dividendos poderia atingir entre 62 a 67 bilhões de reais.

Essa relação demonstra como as flutuações no preço do petróleo afetam diretamente os dividendos da Petrobras, e como a empresa precisa gerenciar seus custos e investimentos para garantir que possa continuar a distribuir esses proventos, principalmente em um cenário de volatilidade no mercado.

O Ajuste da Política de Dividendos da Petrobras em Tempos de Incerteza

Por sua vez, Hayson Silva, analista da Nova Futura Investimentos, aponta que o impacto das quedas no preço do petróleo nos dividendos da Petrobras é inevitável.

"Embora a Petrobras tenha uma política de dividendos que ajuda a reduzir a volatilidade interna, o preço do petróleo está sujeito a muitos fatores externos", explica Silva.

Dessa forma, a empresa pode ser forçada a ajustar sua política de distribuição de dividendos dependendo da intensidade das quedas nos preços do petróleo, algo que é imprevisível devido à natureza volátil do mercado global.

A Possibilidade de Redução ou Suspensão dos Dividendos: Cenário em Debate

Bruce Barbosa, sócio-fundador da Nord Investimentos, adverte que a pressão gerada pela guerra comercial e o aumento da produção de petróleo por países como a Arábia Saudita podem continuar pressionando os preços para baixo.

Caso isso aconteça, a Petrobras pode ser forçada a reduzir ou até suspender os dividendos temporariamente.

"Em um cenário de preços baixos por um período prolongado, a Petrobras pode precisar tomar decisões difíceis para manter a estabilidade financeira", explica Barbosa.

Ele também observa que a pressão política sobre a empresa, especialmente em tempos de crise econômica, pode gerar um conflito entre a necessidade de manter os dividendos elevados e a necessidade de fazer investimentos em projetos de exploração e produção. Portanto, os investidores devem ficar atentos às mudanças no cenário político e econômico, que podem influenciar diretamente a estratégia financeira da Petrobras.