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Real e Bolsa despencam e tem o pior desempenho do mundo

Antonio Oliveira Publicado em 21/06/2024, às 05h00

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Real e Bolsa despencam e tem o pior desempenho do mundo - Reprodução
Real e Bolsa despencam e tem o pior desempenho do mundo - Reprodução

A situação fiscal do Brasil está se deteriorando cada vez mais, o que levou o real e a Bolsa do Brasil a saírem de um patamar recorde para o pior desempenho entre as principais economias do mundo em 2024.

O Ibovespa teve uma queda de mais de 10% neste ano, afastando-se dos índices globais, que normalmente registram valorização. As incertezas econômicas contribuem para o baixo desempenho da bolsa e do real. As informações foram obtidas da Folha de S. Paulo.

O desempenho ruim não se limita apenas À bolsa e ao real. Além disso, o real já experimentou uma queda de aproximadamente 10% em relação ao dólar desde 2024, caindo de R$4,85 no final de 2023 para R$ 5,38 na sexta-feira (14). Só o desempenho do iene japonês (-10,37%) é pior que o da moeda brasileira.

Isso resultou na retirada de R$ 12 bilhões de recursos estrangeiros e na queda de quase 5% da Bolsa brasileira no final de janeiro. Mas as incertezas internas aumentaram desde abril.

O ceticismo do mercado aumentou quando o governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) decidiu reduzir a meta de superávit primário para 2025 de 0,50% do Produto Interno Bruto (PIB) para zero.

O estrategista-chefe da Warren Rena, Sérgio Golgenstein, afirmou que o mercado já estava "meio desconfiado, e esse foi um motivo forte para aumento da preocupação".

Afirmou: "Com isso, o BC também passou a adotar um tom mais duro, porque já percebia uma grande incerteza no cenário externo, mas também incertezas internas, que eram várias".

Segundo esse ponto de vista, as incertezas fiscais "viraram uma bola de neve", o que resultou em um aumento nos juros futuros e na saída de recursos do país. Esses fatores também reduziram a valorização do real.

A taxa de juro afeta o desempenho da Bolsa e do real

O aumento da taxa de juro (Selic) é outro fator que contribui para o desempenho ruim do real e da bolsa brasileira no mercado internacional.

A desvalorização também foi causada pela elevação do juro para 10,50% na reunião mais recente do Comitê de Política Monetária (Copom). À época, todos os candidatos ao governo votaram por um corte maior, mas a maioria do comitê optou por diminuir o ritmo de cortes da Selic.

Sergio Golgenstein alertou que a preocupação dos agentes de mercado aumentou como resultado dessa divisão dentro do Copom. Afirmou que o Brasil entrou em uma "escalada bastante negativa, porque agentes de mercado passaram a considerar que o BC poderia estar mais suscetível a internferências políticas e isso levou a um aumento nas expectativas de inflação".

Previsões sobre a economia 

A taxa Selic deve continuar aumentando. O boletim Focus projetava o juro a 9% no início do ano. Mas a previsão aumentou para 10,25%.

O gestor de renda variável da EQI Asset, Victor Uébe, acredita que a taxa não deve cair mais do que o previsto, o que causa preocupação no mercado internacional.

Pelos níveis de preço do mercado, a Selic hoje provavelmente não cai mais como imaginávamos, e isso afeta o fluxo de caixa das empresas", afirmou. "Isso se mistura com demora de queda de fluxos d capital lá fora e muito ruído interno, o que não ajuda na segurança de investir em ativos de risco no país.