Um vídeo no TikTok fez sucesso ao mostrar uma moeda dos Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro de 2016 que valeria R$ 15 mil para colecionadores, graças a um erro de fabricação.
O fato de a moeda não ter um centro prateado, como é visto em todas as moedas de R$ 1 hoje, levaria a um valor de venda extremamente alto. No entano, a numismática, que se refere ao estudo de moedas e cédulas de dinheiro, questiona a importância desse valor.
Os seguidores são incentivados a ver se uma moeda não é igual no vídeo. No entanto, Eduardo Luz, diretor de comunicação da Sociedade Numismática Brasileira (SNB), diz que o valor de uma moeda depende da raridade do defeito. Em outras palavras, se várias pessoas descobrissem um disco com o mesmo problema, ele não seria tão valioso.
Luz nunca viu uma moeda de real ser vendida por esse valor durante todo o tempo que trabalhou na numismática.
Em 2021, Edil Gomes, uma pessoa muito respeitada dentro da numismática brasileira, criou um catálogo com valores de discos únicos de cerca de R$ 1.200 (nomes dados às moedas que sofreram um defeito na fabricação). Algumas pessoas pagaram bem mais desde então. Já vi negociações que chegavam a até R$ 7 mil. No entanto, podemos comprar coisas muito mais raras e valiosas do que moedas do plano real, como condecorações, com R$ 15 mil.
Embora uma moeda possa ser vendida por um valor alto, as pessoas que estudam o assunto geralmente sabem como as coisas são avaliadas, o que dificulta "leilões" de valores tão altos como o mostrado no vídeo. Existe uma base, uma média, uma análise dos valores mais recentes realizados e aplicados.
Além disso, há colecionadores apaixonados e algumas postagens com valores não utilizados na numismática. Existem pessoas que dizem que vai pagar R$ 15 mil? Isso existe. É possível que alguém pague? Pode, mas não é verdade.
A Casa da Moeda, no Rio de Janeiro, recebe todos os discos de moedas, embora haja uma variação no tamanho e na cor, como "virgens". Lá dentro, as máquinas fazem a cunhagem, os desenhos que determinam seu valor, e, ocasionalmente, celebram datas especiais.
Existem muitos discos lisos em circulação no mundo numismático, mas nenhum deles chegou à Casa da Moeda; eles vêm de empresas metalúrgicas terceirizadas.
Eduardo enfatiza que ser uma moeda comemorativa, como a da Olimpíada de 2016, não altera seu valor para colecionadores. A tiragem é o que determina o valor. "Ah, mas ela é do Juscelino Kubitschek ou do Atletismo Paralímpico." No entanto, não importa. Por exemplo, a tiragem de uma moeda de 5 centavos foi baixa em 1999 e 2000. Embora não seja notável, vale a pena.
Já o estado de consevação de duas moedas idênticas, mesmo que ambas sejam raras, pode levar a avaliações diferentes. Ela deve brilhar como se fosse nova, mas não porque alguém passou um bom brilho, esfregou e poliu, passou um monte de elemento químico, pois moedas limpas de forma artificial, não têm valor numismático, elas perdeu o seu valor colecionável.
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