Análise de Danilo Igliori, economista-chefe da Nomad, sobre o relatório de emprego dos EUA. Saiba o que os números de outubro de 2024 indicam.
O Departamento de Estatísticas do Trabalho dos Estados Unidos (BLS) divulgou recentemente o relatório de emprego, conhecido como Payroll, com dados referentes a outubro de 2024.
Segundo o documento, a taxa de desemprego no país ficou estável em 4,1%, um valor que já havia sido registrado no mês anterior e estava de acordo com as previsões do mercado.
O Departamento de Estatísticas do Trabalho dos Estados Unidos (BLS, na sigla em inglês) divulgou, em 1º de novembro de 2024, os dados do relatório de emprego referente a outubro, conhecido como Payroll.
Segundo o BLS, a taxa de desemprego manteve-se estável em 4,1%, o mesmo índice registrado no mês anterior. Esse valor está alinhado com as expectativas do mercado, embora seja levemente maior que a taxa de outubro de 2023, que era de 3,8%.
Já no que se refere à criação de empregos, o saldo foi de apenas 12 mil novas vagas, um número muito abaixo da previsão de 100 mil, sugerindo um ritmo mais lento nas contratações.
Especialistas apontam que esse resultado modesto pode estar associado a eventos externos, como furacões que atingiram o sul do país e greves em setores estratégicos.
"Os dados de outubro sugerem uma desaceleração na geração de empregos, mas isso não deve ser interpretado de forma isolada", comenta Danilo Igliori, economista-chefe da Nomad. Segundo ele, essas circunstâncias excepcionais podem ter impactado o resultado, e ainda é cedo para avaliar uma tendência de baixa.
A manutenção da taxa de desemprego em 4,1% é um indicativo de que, embora o mercado de trabalho esteja criando menos empregos, ainda não há um aumento significativo no número de pessoas sem trabalho.
Para o Federal Reserve, que regula as taxas de juros no país, a estabilidade nessa taxa de desemprego é um sinal de que a economia segue forte, apesar das flutuações nas contratações.
Segundo Igliori, a taxa de desemprego estável mostra que "a economia dos EUA está conseguindo absorver as pessoas que entram no mercado de trabalho, ainda que em um ritmo mais lento."
Isso sugere uma situação de equilíbrio, onde a criação de novas vagas e o número de pessoas procurando emprego estão em níveis próximos.
O relatório de emprego de outubro destacou que eventos climáticos e greves podem ter contribuído para o baixo número de contratações.
Regiões do sul dos EUA foram afetadas por furacões, o que interrompeu temporariamente atividades econômicas e, consequentemente, impactou as contratações.
Além disso, algumas greves em setores específicos também podem ter reduzido o número de vagas preenchidas.
"Os furacões e as greves provavelmente tiveram impacto nos números, mas o BLS não conseguiu calcular exatamente esses efeitos sobre o payroll", explica Igliori.
Esses fatores fazem com que os números pareçam mais fracos do que poderiam ser em condições normais.
Além dos dados de outubro, o BLS revisou para baixo os números de criação de empregos de agosto e setembro, indicando que o ritmo de contratações já estava diminuindo antes mesmo de outubro.
Para Danilo Igliori, "as revisões indicam que o mercado de trabalho pode estar passando por um período de ajuste." Isso significa que, embora o ritmo de contratações seja menor, a economia como um todo ainda está forte.
Essa revisão sugere que o cenário de desaceleração é algo que já vem ocorrendo, mas ainda não a um ponto preocupante. No entanto, é uma situação que o governo e o Federal Reserve acompanham de perto, já que pode influenciar nas próximas decisões econômicas.
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O Federal Reserve (Fed), órgão responsável pela política monetária dos EUA, deve considerar esses dados de emprego na próxima reunião.
Segundo o mercado, espera-se que o Fed reduza a taxa de juros em 0,25 ponto percentual na semana seguinte à divulgação do relatório.
Essa expectativa está baseada na visão de que uma redução nos juros pode estimular mais investimentos e contratações, ajudando a manter o crescimento da economia.
Danilo Igliori acredita que "o payroll mais fraco pode ter influência sobre as próximas decisões do Fed, principalmente se a desaceleração continuar."
A possibilidade de um novo corte de juros em dezembro também não está descartada, caso os próximos dados econômicos mostrem que a economia precisa de um estímulo extra.
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