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Aplicativos para Organizar as Finanças podem esconder uma armadilha

Com os inúmeros aplicativos disponíveis no mercado, que prometem ajudar a gerenciar as finanças, a ideia de um aplicativa pode parecer atrativa.

Aplicativos para Organizar as Finanças podem esconder uma armadilha - Reprodução
Aplicativos para Organizar as Finanças podem esconder uma armadilha - Reprodução

À primeira vista, administrar as finanças pessoais pode parecer uma tarefa simples, especialmente, quando se deseja compartilhar as despesas e receitas com o cônjuge.  Ademais, a tecnologia oferece inúmeras opções para facilitar a vida dos casais, permitindo um controle mais organizado do orçamento familiar.

Com a vasta gama de aplicativos disponíveis no mercado, que prometem ajudar a gerenciar as finanças, a ideia de um controle financeiro eficiente parece estar ao alcance de todos.

Tecnologia a Favor das Finanças: Open Finance e Aplicativos de Gestão

Esses aplicativos proporcionam a possibilidade de registrar entradas e saídas de dinheiro de forma prática, utilizando o conceito de open finance – que envolve o compartilhamento de dados bancários pessoais para uma visão integrada das finanças.

Contudo, por mais promissora que a tecnologia seja, o fator humano continua sendo insubstituível. A vida moderna, com sua correria e múltiplas demandas, muitas vezes impede que as pessoas acompanhem de perto seus registros financeiros. A consultora financeira Yolanda Fordelone resume bem essa questão ao afirmar que a “grande batalha da vida adulta” é justamente a falta de tempo.

O Lado Oculto dos Aplicativos Financeiros: Armadilha ou Aliado?

É nesse cenário que os aplicativos de organização financeira podem se tornar uma armadilha. Yolanda destaca que, assim como quase tudo na vida, esses aplicativos têm tanto um lado positivo quanto um lado negativo.

De um lado, eles oferecem uma economia significativa de tempo.

"Ao automatizar os processos, esses aplicativos simplificam a vida das pessoas, eliminando a necessidade de anotar manualmente todas as transações, seja em uma planilha ou em um caderno", observa ela.

Por outro lado, essa automação pode levar à negligência. A facilidade proporcionada pelos aplicativos pode fazer com que as pessoas se tornem complacentes, acreditando erroneamente que suas finanças estão sob controle apenas porque os dados estão sendo registrados automaticamente.

"É tudo tão automatizado que a pessoa pode ficar um pouco preguiçosa e ter a impressão de que já está fazendo algo pelas suas finanças", alerta Yolanda.

Compreendendo a Função dos Aplicativos de Organização Financeira

Com isso, é crucial entender a verdadeira função desses aplicativos de organização financeira. De acordo com Lucas Estriga, da plataforma Minhas Economias, essas ferramentas são, na verdade, uma forma digital, intuitiva e visual de ajudar as pessoas a controlar suas finanças.

"Elas permitem que o usuário alinhe seu orçamento mensal, categorize de forma inteligente as despesas e até trace alguns objetivos financeiros, estabelecendo limites de gastos para cada mês", explica Lucas. "Ou seja, os aplicativos possuem um modelo de gestão financeira bem estruturado."

Métodos Tradicionais versus Tecnologia: Planilhas Ainda São Relevantes?

Contudo, surge a dúvida: os métodos tradicionais, como o uso de planilhas ou cadernetas, ainda são eficientes? Yolanda argumenta que esses métodos podem ser eficazes, desde que a pessoa consiga mantê-los atualizados.

"O que geralmente acontece é que as pessoas começam a preencher a planilha, mas acabam abandonando-a no meio do caminho", comenta ela.

Manter a disciplina para registrar todas as despesas e receitas é fundamental para que esses métodos sejam eficazes. Caso contrário, corre-se o risco de perder o controle financeiro. Além disso, a autoanálise proporcionada por uma planilha bem preenchida pode revelar onde há desperdício de dinheiro ou quais contas estão pesando mais no orçamento.

Escolhendo a Melhor Ferramenta: O Perfil Financeiro do Usuário

A escolha entre aplicativos e métodos tradicionais, como planilhas, depende do perfil e do objetivo de cada indivíduo – e, no caso de casais, da dinâmica financeira do relacionamento. Lucas Estriga enfatiza que, embora a tecnologia tenha avançado consideravelmente, migrando das planilhas para os aplicativos, o sucesso de qualquer ferramenta financeira depende do usuário final.

"Seguir o plano traçado por essas ferramentas e aplicar alguns insights de especialistas em finanças é responsabilidade de quem as utiliza", afirma.

Sem Fórmula Mágica: A Realidade dos Aplicativos Financeiros

É importante lembrar que não existe uma fórmula mágica para gerenciar as finanças pessoais. Muitas vezes, as expectativas são depositadas sobre esses aplicativos como se eles fossem a solução definitiva para os problemas financeiros.

"Na realidade, eles são apenas uma parte do suporte necessário para uma gestão financeira eficaz", reforça Lucas.

Seja qual for a ferramenta escolhida – aplicativos, planilhas ou cadernetas – todas servem como apoio no controle das finanças, mas o segredo está em cada pessoa fazer sua própria organização financeira.

Trabalhando com Limites: A Chave para o Sucesso Financeiro

Um aspecto essencial para o sucesso dessa organização é a definição de limites claros. Yolanda recomenda que se trabalhe com limites bem estabelecidos, principalmente em relação aos pequenos gastos, como alimentação e lazer, que muitas vezes passam despercebidos, mas podem causar um grande impacto no orçamento ao longo do tempo.

"No final das contas, o que as pessoas mais consultam é o saldo bancário", observa ela.

O Poder do Monitoramento Regular: Decisões Financeiras Inteligentes

Monitorar regularmente o saldo da conta corrente e as faturas do cartão de crédito pode ser uma prática simples, mas extremamente eficaz na gestão dos gastos diários.

Esse acompanhamento constante permite que as pessoas ajustem seus comportamentos financeiros, freando ou acelerando os gastos conforme necessário.

No fim das contas, é a mente humana que desempenha o papel crucial de avaliar se é o momento de apertar ou afrouxar o controle sobre as despesas, garantindo uma vida financeira mais equilibrada e saudável.